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Para a segunda sessão propomos um encontro com o artista Alexandre Estrela. A produção artística de Alexandre Estrela (Lisboa, 1971) expande-se espacialmente e temporalmente através de diferentes suportes. Cada peça é uma reflexão sobre a “imagem” em si enquanto entidade autónoma que não pode ser banalmente reduzida ao campo da representação. Estrela problematiza os elementos que constituem o ato da percepção, desconstruindo a visão em outras dimensões sensíveis, na perspetiva do invisível e do não ouvido. Entre as suas exposições individuais contam- se Knife in the Water (Travesía Cuatro, Madrid), Lua Cão (com Gusmão e Paiva, Galeria Zé dos Bois e Kunstverein München, 2017) e Cápsulas de Silencio (Museo Reina Sofia, Madrid, 2016). Participa igualmente em exposições colectivas e bienais com regularidade, como Anozero – Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra (2017) ou L’Exposition d’un Rêve (Gulbenkian Foundation Paris, ACMI Melbourne e TATE Modern, 2017). Em 2007 fundou o Oporto, espaço artístico independente em Lisboa, onde programa sessões de filme experimental.

Moderadores: Filipa Cordeiro e Filippo De Tomasi

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Local: Arquivo Municipal de Lisboa – Videoteca

Data: 29 de novembro 2018

Horas: 18:00 – 19:30

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Memória

O artista português Alexandre Estrela (n. 1971) foi o convidado da segunda “Conversa foto-fílmica” proposta pelo Observatório em Estudos Visuais e Arqueologia dos Média (EVAM), que decorreu no dia 29 de novembro de 2018, no Arquivo Municipal de Lisboa | Videoteca. No espaço íntimo da sala de projeções da Videoteca, perante cerca de 30 pessoas, os doutorandos Filipa Cordeiro (IFILNOVA/EVAM) e Filippo De Tomasi (EVAM) conversaram com Estrela acerca da sua prática e produção artísticas, seguindo como fil rouge a relação entre som e imagem. Após uma breve apresentação da Videoteca pelo seu coordenador, Fernando Carrilho, bem como do projeto “Conversas foto-fílmicas” e do convidado pelos dois doutorandos, o artista teve a possibilidade não apenas de mostrar algumas das suas obras fundamentais, como Sem Sol (1999), Hear here (2002), Um homem entre quatro paredes (2008) e Pockets of Silence (2015), como também de partilhar com o público experiências e ideias com elas relacionadas, criando um verdadeiro e interessante diálogo. O tema lançado permitiu ao artista relacionar o seu trabalho com numerosos outros tópicos, entre os quais os jogos de ilusão perceptiva, a resistência material e física dos corpos e/ou a atenção visual.

A primeira obra mostrada, Sem Sol, foi introduzida como paradigmática da relação entre som, imagem e linguagem que se desenha em várias das suas sucessivas obras. Estrela referiu que os títulos das suas peças são amiúde permeados por ambiguidades linguísticas, e que constituem extensões, ou até mesmo catalisadores, dos conteúdos sensíveis das obras. O título Sem Sol, por exemplo, pode ser lido duplamente como referindo-se à nota musical sol ou ao astro, que aparece representado no vídeo. Assim, segundo o artista, o título do vídeo serviu de motor para a sua montagem: as notas sol foram retiradas da banda sonora que acompanha as imagens, e frames a negro foram inseridos nesses momentos de silêncio, numa dupla ação de apagamento. A discussão das seguintes três obras apresentadas permitiu aprofundar as questões já suscitadas pela primeira, entre elas o aparecimento do silêncio, do negro e de intervalos de suspensão (nos quais persistem memórias retinianas ou sonoras) na obra do artista. A conversa, pontuada pela troca de ideias com o público, colocou em evidência a permeabilidade entre os domínios conceptual e sensorial que marca a obra de Alexandre Estrela. Constituiu um momento de partilha enraizado numa sensibilidade especificamente artística e no reconhecimento da importância do encontro com a singularidade das obras de arte enquanto geradoras de pensamento.

 

 

Por Filipa Cordeiro e Filippo De Tomasi

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