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Para a primeira sessão propõe-se um reencontro com trabalho de Helena Almeida, orientado pelos convidados Bruno Marques (investigador do IHA - Nova) e Joana Ascensão (realizadora e programadora da Cinemateca Portuguesa).

Com as primeiras obras datadas dos anos 60, Helena Almeida chama-nos a atenção, ainda hoje, para a inesgotável pertinência das temáticas da inscrição e reinscrição do corpo, da performatividade da imagem fotográfica e das suas ambiguidades.

Bruno Marques, que leva atualmente a cabo uma investigação sobre políticas de género e sexualidade na arte contemporânea portuguesa, aponta na obra da artista sinais de inflexão nos modos convencionais de “ver, sentir e pensar o ato fotográfico” e as suas marcas discursivas.

A investigação de Bruno Marques vem nesta conversa cruzar-se com o olhar de Joana Ascensão e do seu Pintura Habitada (2006), filme tão íntimo do processo criativo de Helena Almeida.

 

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Bruno Marques é bolseiro pós-doc pela FCT em “Estudos Artísticos”. Membro da Comissão Científica do Instituto de História de Arte-UNL, onde coordena o núcleo Photography and Film Studies. Integra a core team do Programa Doutoral em Estudos Artísticos/FCSH (coord. João Mário Grilo), financiado pela FCT. Professor adjunto convidado do ISCE. É autor do livro Mulheres do Século XVIII. Os Retratos (2006) e coordenou os livros Sobre Julião Sarmento (Quetzal, 2012) e Arte & Erotismo (EAC/IHA-UNL, 2012, com Margarida Acciaiuoli). Comissariou várias exposições, tendo sido vencedor da Iniciativa Novos Comissários 2008. Tem assinado textos sobre arte contemporânea em catálogos de exposições, em revistas da especialidade e em livros académicos. Participou como orador em diversos congressos nacionais e internacionais.

Joana Ascensão é é programadora na Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema desde 2009, onde tem sido responsável pela concepção e organização de ciclos temáticos e retrospectivas de autor como: “Filmes das Cooperativas”, “25 de Abril, Sempre – O Movimento das Coisas”, “Guy Debord ou o Cinema Criticado por Si Próprio”, “Stan Brakhage: A Arte da Visão”. Recentemente co-programou ainda o encontro “O que é o Arquivo? Cinema/Arquivo” e os ciclos “O Cinema e a Cidade” e “24 Imagens – Cinema e Fotografia”. É licenciada e mestre em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, leccionou durante vários anos no Departamento de Fotografia da Universidade Lusófona e integrou a equipa do projecto de investigação UrbAspire (Universidade de Coimbra, CES, FCT, 2013-2014). Realizou o filme Pintura Habitada (Grande Prémio para o Melhor Documentário Português de Longa-Metragem do Festival DocLisboa 2006).

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Local: Arquivo Municipal de Lisboa – Fotográfico

Data: 25 de outubro de 2018

Horas: 18:00 – 19:30

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Memória

                           “Helena Almeida leva a fotografia aos limites da abstração”

Bruno Marques

 

No dia 25 de outubro de 2018, a obra da artista Helena Almeida (1934-2018) foi o tema da primeira conversa foto-fílmica proposta pelo Observatório em Estudos Visuais e Arqueologia dos Média (EVAM), vinculado à Universidade Nova de Lisboa, em parceria com o Arquivo Fotográfico Municipal de Lisboa.

Em um grupo, que envolvia cerca de 50 pessoas, sob mediação de Ana Catarina Caldeira (EVAM), Joana Ascensão (realizadora e programadora da Cinemateca Portuguesa) e Bruno Marques (investigador do IHA - Nova) resgataram elementos fundamentais da poética da artista.

Ana Catarina Caldeira, inicialmente, faz um breve histórico sobre a trajetória de formação da artista e destaca suas principais exposições, entre elas, muitas Bienais Internacionais. Joana Ascensão conta-nos sobre o processo de criação de Helena Almeida, que foi tema do seu documentário: “Pintura Habitada” (2006), realizado ao longo de 3 anos, ganhador do Grande Prémio para o Melhor Documentário Português de Longa-Metragem, do Festival DocLisboa 2006. O documentário de Joana dá visibilidade ao processo de trabalho e aos desenhos de Helena, que envolviam o planejamento da obra. A partir do filme, esses desenhos, até então privados, foram expostos ao grande público. Bruno Marques analisa a capacidade de desvio que a obra de Helena Almeida ocupa no cenário nacional e internacional, ancorada nos princípios da arte contemporânea, que se fortaleciam nos anos 1960 e 1970. A densidade da obra da artista envolve a relação entre desenho, performance, fotografia e pintura, ainda que a artista se afirme pintora. Bruno destaca a influência do artista Lúcio Fontana na arte de Helena e a capacidade de transgressão com a planaridade da tela. Nesse sentido, sua obra pode ser considerada uma anti-pintura, de cunho sobretudo conceitual. Seu trabalho envolve o próprio corpo, eterniza o instante do gesto e suas micronarrativas, as quais jogam com o real e o ficcional. A pintura torna-se sujeito, regula as relações prévias, bem como a escolha das imagens e conclui, como ato final, a obra. Em um universo de mistério, vontade de conhecer e sair dos limites, Helena Almeida apresenta-nos momentos específicos e densos.

A conversa foto-fílmica sobre a obra de Helena Almeida, possivelmente o primeiro momento de debate público sobre sua obra, após seu recente falecimento, presta uma homenagem a essa brilhante artista portuguesa, que nos brinda e nos interroga com sua arte hibrida e enigmática.    


por

Ana Lúcia Mandelli de Marsillac

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